DKW Caiçara 1962
- Daluco
- 3 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de dez. de 2023

O conceito do carro pé de boi, depenado de equipamentos, surgiu em 1965. Com a crise que assolava o Brasil, o governo resolveu reduzir impostos e criar um financiamento de 90% do carro. As montadoras responderam com versões despojadas de seus modelos de maior sucesso: assim surgiram Volkswagen Pé de Boi (que viraria sinônimo do segmento), Willys Teimoso, Simca Profissional e DKW Pracinha.

Mas poucos sabem que, três anos antes, a Vemag já havia investido nessa ideia, com o objetivo de ampliar seu mercado. A Pracinha, uma versão simplificada da perua Vemaguet, nada mais era que a reedição da Caiçara, tentativa fracassada de popularizar o utilitário alemão.
Custando cerca de 40% menos que a Vemaguet, a Caiçara havia sido apresentada em 1962, eliminando tudo o que fosse considerado supérfluo: a carroceria não ostentava frisos e os cromados se limitavam a espelho retrovisor, maçanetas e aros dos faróis. Contorno da grade, para-choques e rodas eram da cor do carro, ou seja, bege ou azul-claro. As calotas pretas pareciam sobras de estoque: eram as mesmas que equiparam os DKW até 1960. A tampa do porta-malas ainda tinha as saliências dos frisos, que já tinham sido eliminados da Vemaguet naquele ano.
O interior tinha uma simplicidade própria: o estofamento vermelho contrastava com o volante preto, o quebra-sol era só para o motorista, o porta-luvas perdia a fechadura com chave e não havia sinal do rádio.
Só as portas recebiam forração: as laterais dos passageiros de trás e o porta-malas permaneciam expostos. Mas, enquanto a Vemaguet trazia uma luxuosa porta traseira bipartida, a da Caiçara era inteiriça, com sistema lateral de abertura.
Apesar do aspecto franciscano, ela mantinha as virtudes da Vemaguet: o motor de dois tempos e três cilindros tinha apenas oito peças móveis (virabrequim, eixo da hélice do radiador três pistões e três bielas), o suficiente para levar seis adultos e sua bagagem.
O câmbio manual de quatro marchas era sincronizado e seu comportamento dinâmico, notável, graças à tração dianteira e à suspensão independente nas quatro rodas.
Os acessórios acabavam sendo adquiridos nas concessionárias: tapetes (de borracha ou juta) para o interior e porta-malas, luz de cortesia, vidros traseiros corrediços, porta-luvas e bocal de combustível com chave e, para finalizar, uma boa dose de cromados em frisos, calotas e parachoques.

A maioria das Caiçara foi descaracterizada por esses banhos de loja, tornando ainda mais difícil encontrar atualmente um exemplar em seu estado original.
É o caso deste modelo 1962, que pertence a um colecionador paulista, entusiasta dos DKW: “A Caiçara é tão rara que para requerer a placa preta foi preciso encaminhar documentação histórica ao Denatran, para comprovar que o modelo existiu. Só após meses de espera foi criado um código específico para a versão”.
De fato, a ideia de popularizar um bem de consumo que ainda era símbolo de status não deu certo: apenas 1.173 Caiçara foram produzidas até 1964. Beneficiada pela linha de crédito estatal, a Pracinha teve melhor sorte mais tarde, provando que o conceito pioneiro da Vemag estava alguns anos à frente de seu tempo.
Ficha técnica – DKW Caiçara 1962

*Fonte: Revista 4 Rodas.
A MINIATURA

Tomei como base uma Auto Union Universal 1962 que saiu na coleção Autos Inolvidables Argentinos, graças ao meu grande amigo Mauro Espinosa. O corpo é quase idêntico ao utilizado pela nossa Caiçara, os bancos também, lisos e sem detalhes, a grade frontal teve que se trocada e os parachoques foram adaptados e troquei a maçaneta traseira de lugar para ficar mais fiel ao nosso modelo. Outra pequena mudança foi a inclusão das saliências na porta traseira. Dei uma pequena preenchida no friso lateral que está em ressalto na mini e de resto foi só pintura e detalhamento do interior.

Até mais!
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