Esse carro, que segundo o “Rato” era uma autêntica bomba, já que carregava nada menos que 300 litros de combustível, era mais um dos muitos projetos visionários de Colin Chapman, aproveitando certas liberalidades do regulamento vigente no automobilismo mundial nos anos 70. O Lotus 56B começou como um carro da USAC, para disputar as 500 Milhas de Indianápolis e seu motor era movido por uma turbina Pratt & Whitney, de helicóptero, abastecida com querosene. Tinha uma aerodinâmica refinada, com frente em cunha, conceito posteriormente adotado no design da Lotus 72, além de um sofisticado sistema de suspensão.
Mas o bólido seria marcado pelo acidente fatal de Mike Spence em 1968, embora Joe Leonard, um dos três pilotos remanescentes – os outros eram Graham Hill e Art Pollard – tenha feito a pole position para a Indy 500 com uma média de 276,097 km/h. Nenhum dos Lotus 56 terminou a corrida: Hill, campeão da prova em 1967 com um Lola, acidentou-se. Pollard e Leonard foram alijados por problemas mecânicos.
Como não houve mais interesse de Andy Granatelli em manter o Lotus Turbina nos EUA, Chapman adaptou-o para o regulamento da Fórmula 1 e transformou-o num dos seus vários fracassos na categoria, semelhante ao Lotus com motor BRM H-16, o modelo 63 com tração total nas quatro rodas e o 80, que Carlos Reutemann se recusaria a guiar em 1979.
Emerson confessou mais de uma vez que tinha medo de guiar o 56B a turbina. O carro tinha lenta aceleração, mas quando pegava velocidade era um foguete e para pará-lo nas freadas, um Deus-nos-acuda. Na estreia, na Corrida dos Campeões, em Brands Hatch, a suspensão do carro não aguentou o tranco e o brasileiro abandonou.
Quem fez a estreia oficial do Lotus Turbina foi Dave Walker, um obscuro piloto australiano que ganhara tudo para a equipe nas categorias de base e fracassaria na Fórmula 1. Emerson sofrera um acidente de trânsito quando se mudava para a Suíça e não pôde correr o GP da Holanda em Zandvoort. Walker foi escalado para o seu lugar, largou em 22º e, debaixo de chuva, desistiu em razão de um acidente.
Reine Wisell, sueco que era o segundo piloto do Gold Leaf Team Lotus, andou com o 56B no GP da Inglaterra, em Silverstone, uma pista veloz. Não conseguiu nada de relevante: décimo-nono no grid, completou 56 voltas, doze a menos que o vencedor Jackie Stewart e não foi classificado.
Aí Chapman resolveu dar ao carro uma última chance, em Monza. A pista ainda não tinha chicanes em 1971 e a máxima do construtor foi a seguinte: “Se o carro não for competitivo em Monza, não será em nenhuma outra pista”. A média horária da categoria naquele ano foi de 250 km/h.
E o leitor há de perguntar: por que o carro andou na Itália com a pintura preta e dourada como mostra a miniatura? Simples: Jochen Rindt morrera um ano antes no mesmo circuito e, com medo de ter seus bens arrestados pela justiça daquele país, Chapman agiu com um plano B. Inscreveu seu carro sob a tutela da Worldwide Racing e só levou Emerson para Monza.
Nos treinos, o brasileiro fez o 18º tempo, a 2″78 da pole position de Chris Amon, obtida com a média recorde, até então, de 251,214 km/h. Na corrida, Emerson fez o que pôde. Sua melhor volta foi dois segundos pior que o recorde da volta, obtido por Henri Pescarolo e que ficou vigente como a maior média horária em corrida por 22 anos. Pelo menos o carro não quebrou sem aviso prévio e ele terminou em 8º lugar, uma volta atrasado.
A MINIATURA
A miniatura pertence a coleção Formula 1 da Itália e posteriormente foi também lançada nas coleções do México e do Reino Unido. Feita pela PCT/IXO, este mesmo carro já havia recebido uma miniatura da Sparks, também em escala 1:43 com ótimo acabamento porém com um preço bem mais salgado.
Até mais!
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